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Virei chefe, e agora?

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Você executou seu trabalho com maestria, manteve seu foco, se destacou e chegou lá. Parabéns! Tornar-se chefe é, antes de tudo, um resultado dos seus esforços e consequência dos seus comportamentos e entregas no decorrer do tempo. Com esse reconhecimento, você adentra um novo caminho cheio de oportunidades de crescimento, tanto pessoal quanto profissional, que te levarão a lugares ainda maiores.

No entanto, é preciso se preparar para a experiência com a consciência de que a gestão é também um caminho de desafios, e guarda inclusive algumas armadilhas para as quais é preciso estar sempre atento. Até outro dia, você era um funcionário da equipe, que estava no mesmo nível de seus companheiros, compartilhando as tarefas do dia a dia e até mesmo a convivência frequente. Ao virar chefe, o que muda?

Com certeza, serão sentidas mudanças no relacionamento com as pessoas – e elas são realmente necessárias, em diversos sentidos. Mas para além delas, há posturas e habilidades que serão exigidas em peso muito maior. A primeira é o desenvolvimento da liderança.

O chefe é, primeiramente, um líder

“O líder deve bater metas com seu time fazendo a coisa certa”. Quem resumiu a máxima sobre liderança foi Vicente Falconi, fundador da Falconi Consultores de Resultado e uma das maiores autoridades no país sobre o assunto. A simples frase de Falconi envolve a aplicação de um amplo conjunto de práticas. Primeiro, trata da habilidade de um líder em estabelecer metas e fornecer o conhecimento técnico necessário para que a equipe consiga cumpri-las. Depois, fala ainda da importância de liderar um time: recrutá-lo, motivá-lo constantemente, inspirá-lo e tirá-lo da zona de conforto serão algumas das missões do gestor para alcançar as metas. Mas a máxima ainda envolve “fazer a coisa certa”, ou seja, promover uma cultura ética, justa para todos e alinhada com os valores da empresa.

Em outras palavras, o chefe não é ninguém sem sua equipe, e pouco conseguirá realizar se não tiver seus colaboradores verdadeiramente ao seu lado. Por isso, o melhor caminho é desenvolver um trabalho de aproximação e envolvimento que auxilie no fortalecimento da equipe como time (todos focados no mesmo objetivo).

É comum que a mudança de posição do cargo de funcionário para gestor gere também uma mudança na forma como as pessoas se relacionam com você. Em boa parte, isso é um efeito da estrutura verticalizada das empresas, que leva a equipe a naturalizar um distanciamento entre quem está em cima e quem está embaixo. É como se aquela pessoa que há pouco reclamava com você sobre uma insatisfação do trabalho agora virasse um “inimigo” para o qual não se pode falar mais nada, pois foi colocada uma barreira. É necessário adaptar e mudar essa sensação na equipe. Ainda que a postura do chefe realmente precise mudar, no sentido de alcançar níveis ainda mais altos de profissionalismo – já que você passa a ser espelho da empresa –, o ideal é moldar o relacionamento buscando alcançar o diálogo franco, a transparência e a compreensão. Permitir ou negligenciar o distanciamento de sua equipe com você, gestor, dificultará o batimento das metas estabelecidas e ainda pode afetar o clima organizacional. Quanto mais confiável e acessível você for, melhores resultados serão obtidos.

Preze pela comunicação

Pelo que já dissemos até aqui, dá para perceber como a boa liderança tem tudo a ver com a capacidade de comunicação. Algumas pessoas têm um talento nato para comunicar, mas a boa notícia é que essa habilidade pode também ser desenvolvida e aprimorada. O lugar de gestão exigirá exatamente isso em muitos momentos. Mas comunicar não é só ter facilidade para falar! Pelo contrário, no que diz respeito ao âmbito profissional, a comunicação é uma via de mão dupla, que exige, principalmente, saber ouvir e absorver sentimentos, opiniões e feedbacks, de forma individual. É um exercício de empatia e até de humildade.

Algumas das atribuições difíceis porém necessárias de um chefe, como cobrar resultados, apontar mudanças ou fornecer feedbacks negativos, ficam muito mais leves se há a compreensão do outro lado e a atenção à forma de comunicar. E há ainda mais uma vantagem em exercitar a comunicação, que diz respeito à geração de proximidade da equipe com a gestão e com a empresa de forma geral. Para evoluir nesse sentido, é válido apostar em reuniões semanais de acompanhamento nos setores e atualização constante da equipe sobre informações referentes às evoluções, novidades e processos da empresa, por meio da comunicação interna.

Lidere pelo exemplo

Muitos gestores gostam de envolver o trabalho a discursos motivacionais e muitas palavras de incentivo. Tudo bem, mas não adianta se iludir pensando que as palavras serão suficientes. A verdade é que um bom líder motiva pelo exemplo. Ou seja: ele pratica o que diz e apresenta pela sua própria prática os resultados. Já ouviu a expressão “Walk the talk” (uma tradução não literal seria “Faça o que fala”)? É bem por aí.

No cotidiano da empresa, são diversas as aplicações dessa verdade. Significa, por exemplo, que se o chefe quer ver uma equipe motivada ele deve primeiramente se demonstrar constantemente motivado, executando seu trabalho com disposição e foco. Mas significa também que os resultados e entregas que você deseja ver dos colaboradores precisam ser percebidos também vindos de você! O exemplo de trabalho tem um efeito positivo sobre toda a equipe. Afinal, quem se inspira por um líder que não trabalha? A dica é: demande muito mais de si mesmo antes de demandar outras pessoas.

Além disso, é responsabilidade do líder ainda respirar e refletir os valores da empresa. O seu compromisso com o propósito do negócio deve ser sentido sobre todas as suas atitudes relacionadas ao âmbito profissional, desde o cumprimento das regras à forma de falar sobre a empresa e apresentá-la publicamente.

Alinhe a gestão

Outro fator importante sobre a liderança é manter um alinhamento que deve vir de cima para baixo, no caso de empresas que compartilham diferentes postos de gestão. Além de um alinhamento de valores e de discursos, é necessário que haja um alinhamento de ação entre setores, para que todos os passos sejam dados na mesma direção. Para a equipe, nada é mais confuso e desmotivador que receber comandos diferentes ou até mesmo ouvir falas opostas de gestores, o que pode fragilizar processos e afetar diretamente o rendimento.

Encarar o desafio da gestão é enriquecedor e traz uma série de lições que certamente ultrapassam as paredes do escritório. Aproveite a oportunidade de aprender com o outro, se desenvolver individualmente e fazer a diferença na vida das pessoas. Se essas são suas prioridades como chefe, é sinal de que estará no caminho certo!

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Sucesso e boa sorte!

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